6.12.04

Portugal visto de cima



Uma semana se passou, o Governo ADSL caiu, temos o Paulo Portas a fazer-se difícil para ir a eleições coligado com o PSD, mas acima de tudo o Pinto da Costa foi constituído arguido. Enfim, os alicerces da Nação tremeram...
Normalmente estes factos não passariam despercebidos a este blog, mas a realidade é que passaram. Motivo: o blogger esteve ausente do país e sem acesso à web, embora estivesse atento à televisão e à imprensa local. Não, não estive em Darfur nem em Kiev. Estive aqui ao lado, bem pertinho, na Galiza, mais precisamente em Santiago de Compostela (estamos em ano Jubilar), na Corunha e na Península de Barbanza (onde observei as fantásticas dunas do Corrubedo, um mini-deserto do Sahara envolvido num paisagem nórdica de mar e verde!).
Para o simpáticos Galegos e espanhóis em geral, o Governo portuga pouco interessa (diga-se de passagem que o dos outros países também não aparenta entusiasmá-los muito) e as atribulações judiciais do Pinto-Rei portista ainda menos, apesar de este estar na Corunha quando foi emitido o mandato de detenção pela PJ (por coincidência no mesmo dia em que por lá passei).
Gostei da Galiza que vi e senti, do fervor hiper-religioso de Santiago ao maior cosmopolitismo da Corunha, da beleza da paisagem rural ao look quase pós-apocalíptico de Vigo.

Aqui ficam os highlights da minha semana Galega:

QUALIDADE - Algo que me surpreendeu pela positiva, pois francamente não a esperava tão generalizada, foi a qualidade dos serviços turísticos, nomedamente em Santiago. Sendo uma cidade maioritariamente frequentada por peregrinos e estudantes universitários, grupos que não são imediatamente associados ao turismo de excelência, encontramos por toda a cidade bares, restaurantes, pequenos hóteis e demais infra-estruturas turísticas e de lazer a transbordarem de personalidade, com charme, mimadas, quentinhas e com proprietários interessados. Destaco aqui a pensão onde fiquei , San Nicolás e o restaurante anexo com o mesmo nome: simplesmente excepcionais, a pensão em preço , decoração e conforto, o restaurante na qualidade do serviço e da cozinha (mas não no preço).

TV - Nunca dei particular atenção à televisão espanhola, nem nos canais disponíveis via cabo nem em anteriores idas a Espanha. Aproveitei para colmatar essa desatenção vendo o Telediário da TVE e equivalentes das Antena 3, Tele5 e TVGalicia.
Às 20h00 na TVE tem início o bloco informativo "Gente" que se dvide em duas partes: na 1º são apresentados os mais interessantes casos de faca e alguidar, todo um rol de crimes passionais, atrocidades conjugais e as misérias dos mais desfavorecidos. Ao contrário do estilo TVI , a presença do jornalista na peça é mínima, preferindo "nuestros hermanos" a perspectiva documental. Tudo apresentado de forma serena por uma bela pivot-modelo.
Na segunda parte deste programa, e apresentado por uma pivot ainda mais bonita, temos noticiário do jet-set.
Pelas 21h00 chega então o Telediário. Não tem rodapés e é relativamente sóbrio na apresentação, mas as notícias apresentadas são pouco mais de uma dezena, sendo a actualidade internacional mínima. A minha ignorância sobre a actualidade portuguesa até 6ª feira é sinal disso. Até que vem o desporto (por aqueles lados ainda mantêm um pivot à parte só para este tema) e aí parece não faltar assunto.

VINHO - A realidade é que tinha um pequeno preconceito face ao vinho espanhol. Conhecia alguns vinhos da região de Penedés, perto de Barcelona (que se dividiam entre os muito bons e os muito fracos) mas agora pude conhecer um pouco mais sobre as outras 54 regiões demarcadas existentes em Espanha. Provei alguns, li sobre outros e o que posso referir de momento é a forte aposta que está a ser feita na qualidade e na sua promoção. Vou continuar a prová-los para afinar a minha opinião.
Uma recomendação minha para um jantar de pasta entre amigos: Mezquita, ano de 2003, D.O. Ribeira Sacra , sub-região de Amandi. Bom, frutado e barato.